Pedagiômetro

24 de jan. de 2010

Ensaio sobre a cegueira no Haiti


Quem primeiro percebeu a semelhança entre a obra e a realidade não fui eu, pra ser justo, foi a Rita (minha companheira e esposa).
Estarrecedor o comportamento do homem quando o caos se instala. É um completo estado de barbárie o que está havendo no Haiti.
No "Ensaio Sobre a Cegueira" de Saramago, que também virou filme, o escritor narra a vida de moradores de uma cidade que foi tomada por uma doença que deixou toda a sua população cega.
A precisão e a riqueza de Saramago fazem o leitor da obra perceber o quão frágil é a natureza humana quando posta a prova. Quando todos são iguais. Quando não há mais ricos ou pobres, médicos ou prostitutas. Quando todos dependem uns dos outros.
Nessa situação os extremos emergem. Há os solidários, que sentem a dor do próximo e passam a se dedicar exclusivamente ao resgate de seus semelhantes. Mas, há também os pescadores de águas turvas, que aproveitam a lama para uma pescaria mais fácil, até covarde.
Cenas que acompanhamos no Haiti nos remetem a referida obra. Grupos saqueando, ameaçando e roubando.
Atitude de desespero ou mero aproveitamento de oportunidade?

A correta política brasileira no Haiti

Quando o governo brasileiro aceitou liderar a missão no Haiti não faltaram críticos. Principalmente, é claro, dos nobres deputados do PSDB e do DEM.
Pois que a tragédia chamou a atenção para a importância de tal decisão. Se a situação é desesperadora, seria ainda pior se as forças armadas brasileiras não estivessem por lá.
Havia, antes do terremoto, quase dois terços da população desempregada. A situação de miséria já estava instalada e consolidada. Algo parecido com a situação de Cuba antes da Revolução (mas isso já é tema pra uma outra conversa).
Enfim, acertou Lula em aceitar o desafio. Acerta novamente ao enviar apoio nesse momento e, mais ainda, quando pensa em estratégias de desenvolvimento que beneficiem não só ao Brasil, mas que também caibam a países como o Haiti.
Na última sexta-feira (22/01) estive em uma inauguração onde estavam Lula e Dilma. Em sua fala, o Presidente destacou algo importantíssimo. Falando da inauguração (também ocorrida naquele dia) de um Centro em Campinas que desenvolveu tecnologia para extração de etanol do bagaço da cana, algo que deve aumentar em 40% a capacidade de produção do combustível sem aumentar sequer um metro quadrado de plantação de cana no país, e falando ainda sobre a decisão de países da UE em adicionar 10% de etanol na gasolina e na luta contra o aquecimento global, Lula falou de tecnologias que, como essa, servem ao Brasil, tanto quanto poderão servir ao Haiti. Sobre a possibilidade de se dar um horizonte justo a nações que só souberam servir a exploradores e imperialistas até aqui.
O Haiti não é aqui, mas não é tão distante a ponto de não poder ser ajudado. Lula e Dilma sabem como poucos disso.

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