Salvador Allende foi o primeiro socialista a ser eleito à Presidência de uma República Latino-Americana. Governou o Chile entre os anos de 1970 e 1973, quando foi morto pela ditadura militar que ali se instalava.
A versão oficial diz que o mesmo suicidou-se em 11 de setembro daquele ano, quando viu-se cercado no Palacio de La Moneda pelas forças golpistas.
A sequência de fatos ocorridos naquele dia é impressionante, sobretudo por serem narrados pelo próprio Allende por meio de rádio oficial. Inclusive seu último discurso, importantíssimo documento histórico (Aqui link para as transcrições e MP3 de tais pronunciamentos).
No início deste ano tive a oportunidade e o privilégio de visitar o Museu da Memória e dos Direitos Humanos do Chile. Quase todo o seu acervo é fruto dos resultados obtidos pela Comissão da Verdade daquele país.
No Brasil, infelizmente ainda há muita resistência no que diz respeito à criação de comissão semelhante, que investigue e traga à luz a verdade dos fatos e dos crimes cometidos por aqui pelo regime militar. Apesar das dificuldades, entretanto, creio no empenho e na seriedade da Presidenta Dilma e da Ministra Maria do Rosário para que, enfim, tenhamos tal comissão criada.
Mas o motivo deste texto não é apenas o de defender a criação da mesma. É também o de enaltecer o povo e as autoridades chilenas que mais uma vez nos dão bom exemplo ao procederem a exumação do corpo de Allende.
O procedimento ocorreu no último dia 23 de maio e visa esclarecer se o mesmo foi assassinado por golpistas, ou teria cometido suicídio.
O fato é que, apesar de o resultado ser comum e as origens da morte de Allende serem as mesmas em qualquer das hipóteses, há no ato um gesto muito forte de respeito à verdade e ao direito do povo chileno à informação verdadeira.
Trata-se, portanto, de belíssimo ato, que demonstra o amadurecimento das instituições democráticas e a defesa aos direitos da pessoa humana.
Paulo Henrique Soranz
Advogado e membro da Executiva do PT/SP
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