Definitivamente, o PT não é um partido comum. Infelizmente, pois que se todos optassem por formas de organização e de enfrentamento aos reais problemas da sociedade semelhantes e corajosas como as recentes resoluções petistas, seguramente alcançaríamos uma sociedade justa muito antes. Trato aqui de algumas das principais decisões aprovadas no IV Congresso Nacional do PT, ocorrido entre os dias 02 e 04 deste mês de setembro. Uma cuida da paridade entre gêneros nas instâncias e órgãos do partido, outra reserva 20% de tais vagas a jovens, e a terceira institui espaço mínimo de participação de negros e negras.
Nos três casos, um só objetivo: o fortalecimento da democracia interna do partido como exemplo a ser dado ao modelo político eleitoral brasileiro.
O PT foi protagonista na luta pela inserção da mulher na política. E agora cumpre novamente sua vocação ao determinar que suas direções sejam distribuídas paritariamente entre homens e mulheres. Tal decisão, por simples que pareça, promoverá forte transformação, pois ao mesmo tempo em que garante espaço igual aos dois gêneros, também estimula o surgimento e a formação de novos quadros políticos, sobretudo entre as mulheres. E isso faz toda a diferença numa sociedade que, por mais que pratique reiteradamente o exercício da negação, é majoritariamente machista. Aliás, não entender os motivos pelos quais as mulheres têm espaço menor na política que os homens, já traduz uma leitura feita por mentalidade machista.
No mesmo sentido, da busca por igualdade e equilíbrio de pensamento é que também aprovamos a reserva de vagas em instâncias a negros e negras. Afinal, o pensamento do PT deve considerar as diferenças de demandas, de realidades, da intensidade das dores, que sim, tem a ver com a cor da pele.
A reserva de 20% das vagas nas direções para jovens demostra correta preocupação com a formação de novos quadros que deem continuidade ao projeto petista, além de permitir melhor integração entre as diferentes formas de pensamento, distanciadas por diferentes experiências vividas por diferentes gerações.
Outras tantas questões foram debatidas, votadas e aprovadas. Todas relevantes. Porém, prefiro o destaque a essas três por entender que elas, de fato, colocam o dedo em feridas doloridas da prática política em nosso país.
Cômodo seria se compartilhássemos com a ideia de país pacífico e abençoado que sabe conviver com suas diferenças. Pura hipocrisia, o que temos de diferente são talvez os métodos de externarmos nossos preconceitos, mas que os temos, não tenho dúvida, os temos.
O PT, portanto, dá importante exemplo ao Brasil e diz sim às mulheres, diz sim aos jovens e sim aos negros e negras. Abre suas portas à sociedade e diz querer dialogar com um país marcado por diversidades. Belo exemplo de um partido que reafirma seu compromisso pela libertação daqueles que historicamente têm sido oprimidos.
Paulo Henrique Soranz
Advogado e membro da Executiva do PT/SP
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