Pedagiômetro

25 de nov. de 2010

A hora é de olhar para o futuro


            A presidenta eleita, Dilma Rousseff, começa a desenhar os primeiros traços do que será seu governo.
            Até aqui, tanto o já confirmado, como no caso da equipe econômica que assumirá em janeiro, quanto no que há de especulação, se percebe que o modelo desenvolvimentista, acentuado pelo presidente Lula em seu segundo mandato, ganhará força.
            O fato é que o PT aperfeiçoou seu modo de governar ao longo dos últimos anos, sem perder sua forte vocação às políticas sociais. Aprendeu a conciliar, ou melhor, a utilizar tais políticas, também para a indução do desenvolvimento econômico.
            É assim, por exemplo, com o Bolsa Família, que atende milhões de famílias em suas necessidades essenciais e ao mesmo tempo movimenta de forma virtuosa a roda da economia nos mais diversos cantos deste país.
            Acontece que a pauta imposta pela candidatura do PSDB às eleições deste ano colocou não só esse modelo de gestão em risco. Também trouxe de volta temas que esperávamos ter superado. Daí a importância de a composição do governo Dilma contar com políticos e técnicos que saibam olhar para o futuro, com a responsabilidade que a questão exige.
            A política não permite retrocessos. Isso porque simplesmente ela traduz o momento histórico e os valores da sociedade para termos práticos. Então, quando se nota as posições políticas e as propostas apresentadas por candidaturas, o que se está vendo é o conjunto de medidas que as mesmas propõem à sociedade para o enfrentamento de problemas apontados por ela própria, sob sua ótica ideológica.
            Sobretudo, a política não permite retrocessos culturais, por mais que a direita mais conservadora tente fazê-lo.
            Assim, foi um erro da candidatura de Serra trazer ao debate temas como o aborto. E erro maior ainda cometeram aqueles que tentaram impor à Dilma um discurso que  não se adequa ao do próprio PT, nem tampouco com o momento histórico do Brasil.
            Ainda bem que a então candidata não caiu na armadilha e corretamente se posicionou de forma contrária a qualquer atentado à vida, mas entendendo que há milhares de mulheres pobres morrendo pela prática irregular do aborto. Não se tratando, portanto, de se descriminalizar ou não o ato, mas de transferir o debate para o âmbito das políticas públicas de saúde. Corretíssima a Dilma.
            Várias outras situações percebidas nestas eleições demonstram que há sim no Brasil grupos políticos que se identificam com bandeiras conservadoras. Não são maioria, mas devem ser respeitados.
            A questão é que os dois principais partidos do país, PT e PSDB, devem saber olhar pro futuro. Respeitando os avanços culturais que tivemos nas últimas décadas e entendendo haver espaço para agremiações mais à esquerda e mais à direita, como forma de se respeitar o regime democrático. Mas sem que se entreguem a retrocessos.

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