Tenho recebido algumas (poucas, porém importantes) mensagens de desapontamento com o Presidente Lula por conta de sua postura frente a crise do Senado.
Em alguns casos, o que se percebe é alguma dificuldade de compreensão dos fatos, em outros, críticas verdadeiras. Mas, na maioria há uma grande dose de hipocrisia ou oportunismo.
A seguir, resumo o que penso a respeito:
José Sarney não é, nem nunca foi aliado da classe trabalhadora, tão pouco Renan Calheiros, ou Fernando Collor.
As façanhas dessas indigestas figuras não são recentes, mas qual é o fato que desencadeou essas sucessivas denúncias (em nenhum momento questiono a veracidade das mesmas)? A CPI da Petrobrás, respondo.
Apesar da maioria achar o contrário, particularmente penso que um dos momentos mais delicados para um projeto democrático como o do PT, é exatamente aquele onde tudo vai bem demais.
Quando o governo Lula acerta o rumo e começa a apresentar resultados inquestionáveis, como o que acontece agora, e se tem uma oposição sem projeto alternativo, visto que o que apresentaram quebrou o país algumas vezes, não resta à oposição nada a não ser o ataque abaixo da linha cintura. Cada vez mais frequente e inconsequente.
E o que Sarney tem a ver com isso? Muito.
O Senado aprovou a criação de uma CPI evidentemente política e ideológica. A questão primeira é que uma empresa do porte da Petrobrás, com o imenso volume de financiamentos que oferece, até por questão legal, de compensação ambiental, sempre estará sujeita a dissabores nos contratos que celebra. São riscos que qualquer grande empresa corre.
A diferença entre a BR e qualquer outra empresa é que a presidenta de seu Conselho atende pelo nome de Dilma Roussef. Enfim, o alvo final.
Do ponto de vista ideológico não é segredo algum que o PSDB sonha em privatizar o que restou do patrimônio do país.
A CPI, portanto, tem dois objetivos muito claros.
Sarney entra na história por não ter entrado na onda, o que não lhe confere inocência em relação a todo o resto. O que fica claro, portanto, é que a crise do Senado não é uma tentativa de resgate de valores éticos. Pelo contrário, é a crise da chantagem.
O vice-presidente do Senado é Marconi Perillo, do PSDB. É ele o escalado para transformar a CPI da Petrobrás em algo que possa atingir a escalada de Dilma à Presidência da República.
Tenho plena convicção do que os oito primeiros anos do PT a frente do governo federal tem representado a ruptura lenta e gradual de um modelo que sufoca a classe trabalhadora há séculos, no país. E que a vitória de Dilma nas eleições de 2010 representará um aprofundamento desse processo.
Assim, não me furto em dizer que Lula está certo. Defender Sarney é indigesto, mas se sua saída representar sinal verde para o rolo compressor da direita, é preciso fazê-lo.
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