Pedagiômetro

10 de nov. de 2009

Uniban: caso revela mais que o preconceito

Tomou espaço em todos os grandes veículos de comunicação o caso ocorrido na UNIBAN, que teve como protagonista uma jovem estudante do curso de turismo.
A aluna foi à aula vestindo curtíssimos trajes e acabou despertando os instintos mais primitivos dos seus colegas de faculdade.
Primitivos, explico, no pior sentido.
Sempre acreditei que o humanismo precede, ou caminha lado a lado, com o socialismo. E que a superação de sentimentos e de valores mesquinhos e preconceituosos são apenas alguns degraus que temos que subir se temos como horizonte a construção de uma sociedade justa e solidária.
Confesso minha decepção com essa juventude, que é também a da minha geração, já que com os meus trinta e três anos, apesar da oposição de alguns, considero-me jovem.
É esse mesmo tipo de preconceito e estupidez que justifica, por exemplo, casos como o que já cansamos de assistir, em que jovens de classe média alta resolvem espancar ou atear fogo em um morador de rua, só por “zoeira”.
Vendo por esse ângulo, aquela aluna da UNIBAN ainda saiu no lucro, “só” foi vaiada e chamada de puta. Saiu com sua honra e dignidade destroçadas, mas, ao menos, com sua integridade física preservada.
Sempre esperei e continuo esperando mais da minha e das seguintes gerações. Simplesmente por acreditar que é da natureza humana evoluir.
Frutos de uma educação elitista, de um conceito superficial de imagem, da adoração a burrice, do exercício constante de não raciocínio, é essa a juventude preconceituosa que carrega o estado de São Paulo a condição que se encontra. Elege, reelege e se orgulha de um governo de mentira, que permitiu a estruturação de um PCC, ao mesmo tempo em que aceitava passivamente o nascimento de toda uma geração de analfabetos funcionais. Essa molecada bacana adora essa “forma de gestão”, muito mais sofisticada e cheirosa que a da turma do “sapo barbudo”.
Pior que a frustrante reação da maior parte dos alunos, só mesmo a da direção da universidade, que resolveu expulsar a vítima. Excepcional exemplo para formação de seus alunos.
Quanto a essa inusitada decisão, ao menos a mobilização conduzida pela UNE e por outros segmentos da banda boa da nossa juventude conseguiu reverter o quadro. A menina poderá continuar estudando por lá. Se é que terá condições de chegar até a sala de aula.
A cada vez que leio algo a respeito desse episódio sinto uma mistura de indignação e decepção, no entanto, e pra que não caia em contradição com minhas próprias crenças, sobretudo, na que me ensina que o ser humano possui vocação pra evoluir, espero que esse caso sirva para que, ao menos por um instante, cada um de nós reflita sobre como é possível isso estar acontecendo.

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