Pedagiômetro

17 de set. de 2009

Lippi sofre por ser omisso e conivente

Difícil entender como o governo de Vitor Lippi, reeleito com expressiva aprovação popular (o que não significa que seja igualmente positivo em seu conteúdo) possa passar por processo tão rápido de deterioração.
A cidade está absolutamente parada, mesmo que o Prefeito não goste que digam isso. Mas é só olhar para o ritmo das obras da cidade e comparar com o alucinante ritmo do ano passado, quando, poucos meses antes do início da campanha oficial a Prefeitura tocava obras aos montes e ao mesmo tempo. O trânsito estava insuportável, os desvios eram irritantes, mas a impressão que se passava era a de uma cidade em obras. Pura campanha com a máquina pública.
Pois bem, além do fato de a eleição ter passado e de seu "custo político" ainda não ter sido inteiramente pago por Lippi, há também uma característica de seu governo que só se torna mais clara agora: a omissão e a conivência do prefeito frente a desvios éticos de membros de sua equipe.
O ex-secretário Daniel de Jesus Leite agiu de forma lamentável ao conceder isenção de impostos a empresa de seu pai, mas recebeu apoio de Lippi. O ex-secretário de habitação Ricardo Barbará foi exonerado porque corre o risco de ser preso por conta de processos que responde relacionados a época em que foi prefeito de Itapetininga, mas Lippi insiste em defendê-lo. Até ele já disse que foi demitido por isso.
Excessão à regra foi o caso de Renna, mas também daí já seria demais.
Há, ainda, casos de membros do primeiro escalão do seu governo que cometeram "deslizes" e continuam lá, como o caso do Secretário de Governo, Maurício Biazoto, que comprou veículo da Toyta em transação direta e inadequada com a montadora.
Repito que o problema se concentra na omissão e na conivência de Lippi. Isso ainda lhe custará muito caro.
Transcrevo abaixo trecho de um dos poemas que mais gosto, e que diz muito a respeito:

No caminho com Maiakóvski
Eduardo Alves Costa (atribuído a Berthold Brecht)

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

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